segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Regicídio - 1 de Fevereiro de 1908

A crise profunda em que o sistema monárquico estava mergulhado – suspensão de grande parte do articulado da Carta Constitucional de 1826, o encerramento do Parlamento em Abril de 1907, o adiamento na marcação de novas eleições, o afastamento da área do poder dos dois principais partidos [Regenerador e Progressista], o Governo exercido em Ditadura [Ditadura de João Franco], as restrições à liberdade de imprensa – levaram a que o Directório do Partido Republicano evoluísse na sua linha política, passando a defender o movimento revolucionário como forma de deposição da Monarquia.
Marcado para o dia 17 de Janeiro, o movimento revolucionário contaria com o enquadramento militar da Marinha, já que muitos dos militares que aqui prestavam serviço tinham ligações aos Republicanos, bem como com os civis da Carbonária recentemente reorganizada. O adiamento da revolta para o dia 28 de Janeiro provocou tumultos em Lisboa e no Porto, como o rebentamento de petardos nas ruas de Santo António à Estrela e do Carrião [18 de Janeiro], e a prisão, entre outros, de António José de Almeida, João Chagas, Magalhães de Lima, Luz de Almeida, França Borges. O plano passou então pela libertação dos líderes republicanos, pela detenção de João Franco e, aproveitando o facto da família real se encontrar em Vila Viçosa, a ocupação dos principais quartéis de Lisboa para o que havia o apoio de muitos oficiais. O comando das operações estaria a cargo de Cândido dos Reis Machado dos Santos, Marinha de Campos e Soares Andrea. Porém, a conspiração foi descoberta e muitos dos seus implicados detidos, entre os quais Afonso Costa.
A revolução não se fizera e, pior do que isso, nomes grandes do Partido Republicano, da Maçonaria e da Carbonária estavam presos. A situação dos detidos tornar-se-ia ainda mais difícil com entrada em vigor do projecto de decreto de João Franco que deportava para Timor os republicanos presos.
O carbonário Alfredo Luís da Costa, inconformado com o sentido tomado pelos acontecimentos, em conversa com Marinha da Costa, considerou que a melhor maneira de lidar com o problema seria a liquidação de João Franco. Desta constatação deu conhecimento a Manuel Buíça e a Aquilino Ribeiro. Porém, era quase impossível chegar a João Franco que, por esses dias, andava bem guardado, trocando as voltas com muita facilidade. Como tinha várias residências, não se sabia em qual dormia. Mas uma coisa seria certa: ia esperar o rei à estação de barcos do Terreiro do Paço quando este regressasse de Vila Viçosa.

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